Topônimos

O sistema de sobrenomes – ou apelidos – português é bastante complexo, como afirmei no texto anterior. Alguns sobrenomes atuais derivam de nomes de pessoas que viveram há muitos séculos (Gonçalves, originado de Gonçalo, por exemplo), enquanto outros derivam de alcunhas derivadas de características físicas (Crespo, Moreno, Ruivo) ou psicológicas (Leal, Manso, Valente) de antepassados cujos registros talvez jamais consigamos encontrar.

Outra fonte para os sobrenomes portugueses são os topônimos, os nomes de localidades. As localidades em questão poderiam ser núcleos urbanos, rurais ou a sede de uma importante casa da nobreza onde a família residia ou de onde viera. A nuvem de palavras abaixo apresenta alguns dos 100 sobrenomes que são topônimos mais comumente registrados em Portugal em 2015 segundo o Instituto dos Registos e Notariado – quanto maior o sobrenome, maior sua frequência.

sobrenomes
Fonte: Instituto dos Registos e Notariado

Uma característica comum aos topônimos é a presença da preposição de e suas variantes (do, da). Embora seja comum acreditar que um Fulano de Araújo possa ter origem nobre enquanto um Sicrano Araújo descenda de pessoas comuns, isso não é verdade. De fato, nunca houve uma regra que determinasse a forma de registra os sobrenomes dos nobres. O mais seguro, portanto, é deduzir que o Fulano de Araújo apenas descenda de um natural de uma localidade às margens do Rio Minho que mudou-se para outro local onde existiam vários homônimos. Para se destacar dos outros Fulanos, ele agregou sua origem ao nome: era o Fulano que veio da localidade de Araújo, o Fulano de Araújo.


José Araujo é linguista e genealogista amador.