Saúde

Imaginar as condições de vida em uma freguesia do norte de Portugal no início do século XX sem dispor de muitos dados objetivos é um exercício altamente especulativo. Disponho-me, entretanto, a fazê-lo com base nas informações esparsas encontradas, inclusive algumas relativas a meus antepassados.

A freguesia em questão é São Mamede de Ribatua, localizada no concelho de Alijó, distrito de Vila Real, região popularmente conhecida como Trás-os-Montes. São Mamede foi vila e sede de concelho entre 1162 e o início do século XIX e contava, em 1801, com 1200 habitantes. Sua economia é há séculos baseada na agricultura, em especial na produção de vinho e azeite.

Há dados demográficos para essa freguesia a partir da segunda metade do século XIX. O que se observa nesses dados é uma progressiva tendência de redução populacional até a segunda metade do século XX, quando, como se pode ver no gráfico abaixo, houve períodos de inversão na tendência citada.

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Fonte: Instituto Nacional de Estatística

A redução populacional deve estar essencialmente relacionada com a emigração para os centros urbanos e também para o exterior, mas não se podem desprezar outras razões, como as epidemias.

As condições de vida do agricultor na região variavam em função do clima, mas também das decisões dos governantes. Em pesquisa no Arquivo Histórico Parlamentar, encontrei um “requerimento da câmara constitucional e povo da vila de São Mamede de Ribatua” à Comissão de Petições das Cortes Ordinárias de 1822-1823. Nesse documento, que nem mesmo chegou a ser apreciado pelas cortes, os locais se queixavam das condições desfavoráveis criadas pela Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, que, ao não respeitar as decisões das Cortes, causou “infinitos embaraços e estorvos”, dificultando a venda de aguardente.

A lida diária no campo, bem como a luta contra as condições do tempo e da política em uma região rural tão remota e provavelmente desprovida de serviços médicos devia deixar marcas nos corpos dos habitantes da região, marcas essas que supus encontrar nos registros de passaporte de meus antepassados que chegaram ao Brasil na primeira metade do século XX, provavelmente em busca de melhores condições de vida no Rio de Janeiro.

O primeiro registro relevante é o de meu bisavô Luís – pai de minha avó paterna -, que chegou ao Brasil em novembro de 1906. Nesse registro, lê-se, na seção de “signaes particulares”, que lhe faltavam dentes.

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Registro de passaporte de Luís Gonçalves Rebosa – São Mamede de Ribatua, Vila Real

O segundo registro é o de Maria Benedicta, esposa de Luís, que chegou ao Brasil com minha avó ainda adolescente em 1911. Nesse registro, informa-se que também lhe faltavam dentes e que havia alguma deformidade em seu indicador esquerdo.

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Registro de passaporte de Maria Benedicta – São Mamede de Ribatua, Vila Real

O terceiro registro, de minha tia-avó Maria dos Anjos, feito em 1913, informa que ela apresentava alguma deformidade nos dedos da mão esquerda.

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Registro de passaporte de Maria dos Anjos Pinto Rebosa – São Mamede de Ribatua, Vila Real

O quarto e último registro descoberto, de meu tio-avô Abel, feito em 1915, informa que ele era cego do olho direito.

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Registro de passaporte de Abel Rebosa – São Mamede de Ribatua, Vila Real

As deformidades descritas nos registros poderiam ser congênitas, porém minha avó não as possuía, o que sugere que fossem resultantes de uma conjunção de condições árduas de trabalho, da indisponibilidade de cuidados médicos na localidade e, certamente no caso dos mais velhos, da idade.


José Araújo é linguista e genealogista amador

Dispersos

A família Rebosa, de minha avó paterna, mãe de meu pai, é oriunda da freguesia de São Mamede de Ribatua, no concelho de Alijó, distrito de Vila Real. A localidade foi vila e sede de concelho entre 1162 e o início do século XIX. Contava em 1864 com pouco mais de 1500 habitantes. Em 2011, entretanto, lá havia apenas pouco mais de 700 almas. Grande parte dos habitantes deve ter saído da região à busca de oportunidades melhores nas cidades ou mesmo no exterior, como ocorreu com minha família.

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Religiosos

Aos nove dias do mês de novembro de 1807, faleceu da vida presente Maria Clara, viúva que ficou de Luis de Amaral, natural desta vila de Barcos. Recebeu os sacramentos da penitência, sagrado viático e extrema-unção e seu corpo foi sepultado dentro desta igreja no dia dez do dito mês em que se lhe fez um ofício de corpo presente. Também fez testamento [fechado] em que dispôs além de outras coisas em quanto ao [] o seguinte: que seu corpo fosse sepultado na igreja matriz desta vila, e [] conforme o uso e costume, amortalhada com um hábito com ofício de corpo presente e, sendo dia impedido, no sucessivo, acompanhada com  as [] das confrarias, às quais se dará de esmola, por uma vez somente, a do Santíssimo, mil e duzentos réis, e acada uma das outras [] das almas o [] de um alqueire de pão que então tiver a cada qual e por minha alma se dirão cem missas, e mais de tenção particular que deixo [] 23 de esmola costumada e uma vez somente. E [] dos bens temporais que deixava [para sempre] sua filha Maria Theresa o terço de seus bens, que das suas últimas disposições testamentárias [bem de alma] [] lhes restassem, com obrigação de contribuir anualmente ao seu filho [Frei] Francisco de Jesus, com a tença de 24.000 réis enquanto vivo for, à cuja tença serão sempre obrigados os bens do terço [e para onde quer que passarem, irão onerados] [] até a hora em que ele faleça, cujo terço [] no campo do [] com todas as suas árvores e mais [] também disse a dita testadora que nomeava sua filha Maria Theresa por sua testamenteira para dar cumprimento ao seu bem da alma, e mais disposições testamentárias com o tempo de três anos para dar conta do seu cumprimento [] juízo a que tocar, e na sua falta ao meu genro Antonio de Macedo, de quem espero inteira satisfação e por verdade fiz este termo de assento que assinei na ausência do respectivo pároco, que estou substituindo, era mês e ano ut supra. Pelo respectivo pároco. Padre Manoel Duarte dos Santos

Frei Francisco de Jesus foi tio-avô de meu bisavô paterno. Maria Clara, sua mãe, teve outro filho que seguiu a vida religiosa: José Pereira da Motta, sobre quem falei em outro texto. O interessante neste longo assento de óbito são as disposições testamentárias de Maria Clara, que deveria ser uma senhora de algumas posses, de cuja administração resultaria a tença de 24.000 réis que frei Francisco deveria receber enquanto vivo.

Corrobora a interpretação de que Maria Clara era uma senhora de posses o fato de ter outro filho religioso, pois a ordenação religiosa só ocorria a partir de uma detalhada investigação dos antecedentes do candidato – a inquirição de genere – cujas despesas ficavam por conta do interessado. Além disso, aquele candidato que buscasse a ordenação deveria ter condições financeiras ou patrimônio que garantisse sua sustentação.

Aqui se vê o assento original:

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Óbito de Maria Clara – 9/11/1807 – Barcos, Tabuaço, Viseu – Página 1
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Óbito de Maria Clara – 9/11/1807 – Barcos, Tabuaço, Viseu – Página 2

José Araujo é linguista e genealogista amador.

Plymouth

Em texto anterior, descrevi as agruras por que passaram, na Inglaterra, os exilados que tiveram de fugir da perseguição do regime absolutista de d. Miguel em Portugal por apoiarem a constituição liberal de 1822. Entre esses exilados estava José Pinto Rebello de Carvalho (1788-1870), primo de minha trisavó paterna.

Enquanto naquele texto recorri a um estudo acadêmico e a um periódico editado por esse meu primo distante para que pudéssemos entender o sofrimento do exílio na perspectiva do exilado, neste texto recorro a um jornal da época – a edição de 5 de dezembro de 1828 do London Courier and Evening Gazette, para resgatar a perspectiva da comunidade que recebeu os exilados – os habitantes da cidade inglesa de Plymouth.

O texto da matéria publicada, exibido abaixo, foi obtido na base de dados The British Newspaper Archive, que contém registros que datam desde 1700.

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London Courier and Evening Gazette – Sexta-feira, 5 de dezembro de 1828

Aqui minha tradução livre desse texto, com meus destaques:

OS CONSTITUCIONALISTAS PORTUGUESES

PLYMOUTH, 3 de dezembro. Ao serem informados da proposta de dispersão dos refugiados portugueses, residentes neste município e vizinhanças fizeram um requerimento para convocar uma assembleia e o encaminharam ao prefeito (R. Freeman, MD). O prefeito acatou o requerimento e ontem foi realizada uma assembleia de bom público no Guildhall, com o objetivo de considerar a conveniência de transmitir o sentimento geral ao Governo de Sua Majestade e tentar evitar a calamidade que ameaçava os portugueses. O prefeito abriu a assembleia que iniciou pela leitura do requerimento – H. Woolcombe, apresentou várias propostas, que expressavam a melhor opinião a respeito dos portugueses e de sua conduta desde que se tornaram residentes em Plymouth; bem como o desejo geral de que os deixassem permanecer na cidade, tanto por conta de seus sofrimentos na causa da liberdade constitucional quanto por sua boa conduta, e também por causa dos benefícios que sua presença trazia para a cidade. Ele disse que considerava a questão passível de ser gerida pelos habitantes, que deveriam reunir-se e expressar seus sentimentos ao Governo. Ele se absteve de adotar uma visão política sobre a questão, mas, ao mesmo tempo, não deveria se eximir do exercício de um dever público; portanto, ele se apresentou para expressar sua opinião; e se isso ofendia este ou qualquer outro Governo, ele acreditava que o povo tinha o direito de expressar suas queixas sobre os problemas que os afligiam. (Aplausos.) De uma hora para outra, chegaram ao conhecimento dos habitantes de Plymouth os planos de dispersar os portugueses por outros lugares do reino. Ele perguntou: por que eles teriam de ser separados? Por que dispersados? Certamente, as leis do país devem ser obedecidas; mas qual lei determinava a dispersão dos portugueses? Era, portanto, dever dos que ali se reuniam enfrentar o Governo contra a adoção de tal medida. Eles também deveriam olhar a questão sob dois aspectos – primeiro, como habitantes de Plymouth e, depois, como ingleses. Qual seria o caráter da cidade se esses Refugiados fossem assim dispersados sem que os habitantes pudessem expressar sua opinião sobre o assunto? E qual seria o seu caráter, como ingleses, se tal dispersão viesse a ocorrer? Em tempo de guerra, mesmo aos prisioneiros capturados do inimigo era garantida a liberdade condicional em determinadas cidades; então e por que esses Refugiados seriam separados? Eles foram expulsos de seu próprio país por defender a liberdade constitucional tão apreciada neste país; e, como tal, merecem nossa simpatia e proteção. As propostas foram postas em votação; e, com as mãos levantadas, todos foram unânimes em aprová-las. Outras propostas foram então apresentadas; e, após o grupo ter ouvido os apartes de J. Bird, Esc., do Rev. Rowe, do Capt. Pym, R.N. e de J.H. Macauley, Esc., aprovou-se, com unanimidade: “Que um Apelo, baseado nas propostas, seria apresentado pelos Vereadores do Município ao Secretário de Estado do Departamento do Interior após ser assinado por todos os habitantes”. Foram apresentadas moções de agradecimentos ao presidente da sessão. Em seguida, um dos refugiados dirigiu-se ao grupo, na língua inglesa, para agradecer pelo apoio manifestado em favor de seus compatriotas e disse que esse apoio ficaria gravado em sua memória mesmo muito tempo depois do seu retorno a Portugal, em algum momento futuro. Ele também transmitiria as palavras de apoio a seus compatriotas – os quais, enquanto estivessem na Inglaterra, se comportariam de tal maneira que, ele assim esperava, receberiam a aprovação dos habitantes de Plymouth e de toda a Inglaterra.

O aspecto mais interessante dessa matéria é o fato de que ela informa que os exilados portugueses contavam – ou passaram a contar – com a simpatia dos habitantes de Plymouth – ou ao menos de alguns deles -, o que contrasta com o relato apresentado por Victorino Nemesio, já citado no texto anterior, mas citado novamente a seguir:

Tinham chegado reduzidos a uma desesperada penúria. Os ingleses, surpreendidos por aquele bando maltrapido, deitavam-lhes olhares onde alternavam o desprezo e alguma compaixão. Mas esta rendia pouco. Só os quakers se cotizavam e lhes faziam facilidades; os demais fechavam-se numa indiferença perfeita e um tanto quanto agastada. (Exilados – 1828-1832: História Sentimental e Política do Liberalismo na Emigração –  Victorino Nemésio – p. 51)

Poderíamos supor, com base nesses dois textos, que, inicialmente, a chegada dos ‘maltrapidos’ exilados/refugiados tivesse despertado rejeição nos habitantes daquela cidade portuária e que, com a convivência cotidiana, estes puderam considerar as privações que os estrangeiros sofriam e entenderam que seria necessário apoiá-los, afinal partilhavam os mesmos valores políticos e sociais.

Não tenho evidências das consequências práticas, para os portugueses, do apelo feito pelos seus anfitriões involuntários. Porém é importante destacar que a descoberta da matéria apresentada aqui me ofereceu nova perspectiva sobre a experiência do exílio por que passou o meu parente na primeira metade do século XIX.


José Araújo é linguista e genealogista amador.

Casamento

… [o sacramento do matrimônio] se consolidou apenas no século XIII. A partir do Concílio de Trento, em 1545, a Igreja desenvolveu uma doutrina em torno do matrimônio, estabelecendo, inclusive, a necessidade do consentimento dos cônjuges e de seus pais, encarregados de proverem dotes ao casal. | Mary Del Priore – Histórias da Gente Brasileira – Volume 1

Embora fosse considerado uma necessidade para a coabitação entre homem e mulher e o reconhecimento da legitimidade da prole, nem sempre o casamento era uma possibilidade, pois os custos envolvidos eram altos. As taxas que a igreja cobrava pela burocracia matrimonial (banhos e dispensas de consanguinidade) estavam além das posses da maioria da população. Não era, por isso, incomum que os casais vivessem amancebados ou, com a vigência do código civil, casados apenas pelo civil. Muitos ainda protelavam o casamento até os 25 ou 27 anos em regiões como Trás-os-Montes. No sul, ao contrário, casava-se mais cedo, antes dos 24 anos.

No trecho de assento abaixo, extraído de minha árvore de costados, além do registro do casamento, é feito o reconhecimento dos filhos que o casal havia tido, portanto é possível supor que esse casal tivesse vivido amancebado até então.

Casamento de Luis Gonçalves e Maria Pinto
Assento de casamento de Luis Gonçalves e Maria Pinto – 30 de Maio de 1892 – Vila Real, Portugal

Aqui a transcrição:

[…] ele, da idade de 43 anos, solteiro, jornaleiro, natural desta freguesia e na mesma batizado e morador […] ella, da idade de 36 anos, solteira, jornaleira, natural do lugar de Safes desta freguesia, e na mesma batizada, filha natural de Maria Pinto, do referido lugar de Safes, […] reconheceram por seus verdadeiros e legítimos filhos, João Luiz, nascido nesta freguesia no dia 8 de junho de 1882 e na mesma batizado no dia 12 do mesmo mês e ano; Maria dos Anjos, nascida nesta freguesia no dia 6 de maio de 1884 e batizada nesta mesma freguesia no dia 23 do referido ano de 1884; Arcelina, nascida nesta freguesia no dia 6 do mês de junho de 1888 e batizada no dia 12 de julho de 1888; Abel, nascido nesta freguesia, no dia 1º de maio de 1890…

O assento registra ainda que os cônjuges eram jornaleiros, isto é, que trabalhavam na lavoura. O casamento nas regiões agrícolas era coordenado com os ciclos de trabalho e a disponibilidade financeira, sendo provável que aumentasse a frequência após as colheitas. A ocupação e a idade avançada do casal corrobora a interpretação de que o casamento pode ter sido adiado por motivos financeiros.

Antes do casamento, anunciava-se a intenção dos noivos nas portas das igrejas onde assistiam às missas a fim de outros se pronunciassem a respeito de eventuais impedimentos. Também realizavam banhos ou proclamas, em que se afirmavam livre para o matrimônio – batizados, solteiros ou viúvos e não prometidos a outros. Finalmente, se houvesse entre eles algum grau de parentesco até o quarto grau, era necessário obter no bispado uma dispensa de consanguinidade.

Quanto à celebração do casamento, era costume evitar a Quaresma e o Advento. Evitava-se também o mês de agosto e as terças e sextas-feiras, por serem considerados azarentos. Em minha árvore de costados, de 24 casamentos analisados, dois ocorreram numa terça-feira (21 de janeiro de 1817 e 9 de junho de 1868) e nenhum no mês de agosto.

Os noivos vestiam preto, costume que perdurou entre as camponesas até as primeiras décadas do século XX. O vestido branco da noiva não se tornou hábito até a metade do século XIX, e ainda assim apenas se popularizou entre as elites. Também não havia troca de alianças, costume que apenas se tornou frequente na transição do século entre as classes mais elevadas e não era observado entre os camponeses de muitas regiões ainda na década de 1940. Muitos dos costumes que se tornaram habituais no século XX se deveram à influência de manuais de etiqueta traduzidos do francês, e sua influência inicial se deu nos centros urbanos, só mais tarde chegando às províncias.

No interior e nas regiões rurais, costumes mais tradicionais se mantiveram ainda por muito tempo. Nesses lugares, o cortejo que saía da casa da noiva era encabeçado pelo noivo – embora houvesse regiões onde a noiva ia na frente – e os padrinhos, que em muitas regiões deveriam obrigatoriamente ser os de batismo. A noiva podia entrar na igreja sozinha ou acompanhada dos padrinhos e não devia ser vista pelo noivo antes de chegar ao altar para não dar chance ao azar. Entre os analfabetos, as mães não assistiam ao cortejo e, em alguns lugares, os pais de ambos os noivos não participavam da cerimônia. Os presentes dados aos noivos em regiões como Trás-os-Montes eram modestos, em geral utensílios de cozinha e, entre os mais pobres, produtos alimentícios.

A prevalência do casamento civil sobre o religioso só ocorreu de fato a partir da primeira década do século XX, embora já estivesse garantida desde 1865-1866 com a redação do Código Civil. A grande resistência da igreja, inclusive com pressão do Vaticano sobre o poder político, retardou a laicização do casamento, que passou a garantir também aos não cristãos o reconhecimento de suas uniões.


José Araujo é linguista e genealogista amador.