Patronímicos

É fato conhecido que os portugueses são muito mais rígidos na escolha dos nomes dos filhos do que os brasileiros. Não por acaso, existe mesmo uma relação de vocábulos permitidos e proibidos no site do Instituto dos Registos e Notariado que deveria ser consultada pelos pais antes da escolha do nome de seus futuros filhos.

A nuvem de palavras abaixo apresenta 50 dos nomes mais populares em Portugal em 2016. Em geral, são nomes bastante antigos e muitos deram origem a diversos sobrenomes – lá denominados apelidos – que conhecemos hoje, ou seja, tornaram-se patronímicos.

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Nomes mais populares em 2016 – Fonte: Instituto dos Registos e Notariado

Patronímicos são a forma mais antiga de atribuição de sobrenome e se formam a partir da derivação do nome do pai. Na cultura russa, por exemplo, podemos deduzir que um menino chamado Yuri Gregorovich é filho de um Gregoryi. Um caso bastante famoso de patronímico de origem conhecida é o de Afonso I (1109-1185), o primeiro rei de Portugal, que ficou conhecido como Afonso Henriques, pois era filho de Henrique de Borgonha, conde de Portucale, e Teresa de Leão.

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Afonso I (1109-1185)

A lista abaixo relaciona alguns sobrenomes portugueses de fonte patronímica e os nomes dos quais derivaram:

Patronímico(s) Nome(s)
Alves e Álvares Álvaro
Antunes Antão ou Antônio
Bernardes Bernardo
Diegues e Dias Diogo
Domingues Domingos
Esteves Estevão
Fernandes Fernão ou Fernando
Gonçalves Gonçalo
Marques Marco ou Marcos
Martins Martim ou Martinho
Nunes Nuno
Roiz ou Rodrigues Rodrigo
Soares Soeiro
Vasques ou Vaz Vasco

Há ainda patronímicos que se tornaram sobrenomes sem o acréscimo do sufixo -es, tais como Afonso, Braz, Gaspar, Garcia,  Gil e Lourenço, entre outros.

Patronímicos respondem por apenas um caso do complexo sistema de sobrenomes portugueses. Em outro texto falarei de outro caso: os topônimos.


José Araujo é linguista e genealogista amador.

Judeus

Tenho observado que o texto que mais atrai leitores aqui no blog é aquele em que falo dos judeus sefarditas e da lei que lhes permite a aquisição da cidadania portuguesa caso comprovem a ascendência até aquela comunidade tão perseguida em séculos passados. Ocorre que, mesmo depois de ter publicado o texto, ainda recebo consultas de conhecidos a respeito das listas de sobrenomes (apelidos) portugueses supostamente judaicos que volta e meia são divulgadas nas redes sociais.

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Abreviaturas

Talvez por se verem assoberbados, talvez por comodidade, certamente por costume, os párocos usavam muitas abreviaturas no registro dos assentos de batismo, casamento e óbito. A quantidade de abreviaturas variava bastante, e dentro de um mesmo livro de registros é possível encontrar textos perfeitamente compreensíveis e outros que demandam algum tempo para serem decifrados.

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